O signo de Hipócrates. Lisboa : Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, 2003. ISBN 972-8152-94-9
Para a história da medicina não interessa apenas o relato das grandes descobertas e dos sucessos, mas também o conhecimento das condições concretas de investigação, de ensino e de divulgação em diferentes contextos, enquanto elementos estruturais do campo da formação médica que condicionam a difusão dos conhecimentos, a qualidade e a inovação.
Nessa perspetiva, o presente volume propicia o acesso a representações do ensino médico do Porto durante o século XIX, através de algumas páginas do conceituado médico e professor Ricardo Jorge (1858-1939) sobre a Escola Médico-Cirúrgica do Porto, nas quais se documentam a história da instituição e as condições organizacionais então vividas, num registo crítico. Essas páginas são extraídas de um relatório elaborado pelo autor com o objetivo de fundamentar um conjunto de propostas que apresentou ao Conselho Superior de Instrução Pública, em sessão de 1 de outubro de 1885. Documento histórico de inegável qualidade, publicado entretanto pelo Jornal da Sociedade das Sciências Médicas de Lisboa, este relatório é muito citado pelos biógrafos de Ricardo Jorge, embora seja pouco conhecido junto do grande público. E, no entanto, foi este relatório que, apesar de “engavetado”, desencadeou no Portugal oitocentista uma nova vaga de discussões sobre o ensino médico que acabaria por culminar na reforma universitária de 1911, pela qual as duas Escolas Médico-Cirúrgicas de Lisboa e Porto sobem a Faculdade de Medicina, sendo finalmente equiparadas para todos os efeitos à Faculdade de Medicina de Coimbra.
[sinopse de Jorge Fernandes Alves, coordenador da obra]
Disponível em suporte papel para consulta e empréstimo na Biblioteca.